Introdução
Este Trabalho de Conclusão de Curso
surgiu de questionamentos sobre o profissional de dança, sua formação e seu
processo de aprendizagem.
Instigados, principalmente pelo próprio
processo, os alunos do curso técnico em dança da ETEC de Artes, propositores
dessa pesquisa, se nortearam pelas próprias experiências e expectativas
proporcionadas pelo curso acerca do aprender e fazer dança. Essas inquietações
geraram várias perguntas, as quais, encontrando sentido nos questionamentos de
Ângela Ferreira, buscou-se levantar discussões acerca da formação do
profissional de dança atuante, que é formado para ser inserido no mercado de
trabalho.
“Será que podemos estar preparando alunos capazes de usar suas
experiências cognitivas, não apenas na aquisição de destreza e de habilidades
técnicas e de repertório de dança, mas também em uma maior compreensão da
realidade?[...] estariam prontos não para reproduzi-la [a realidade] pura e
simplesmente, mas para serem capazes de compreendê-la, recriá-la e apropriar-se
dela na construção de um novo conhecimento e um novo ser?”. [1] (Ferreira, 2010)
Partindo da necessidade de se refletir e
questionar sobre o papel e ação do bailarino na sociedade contemporânea, e a
fim de descrever parte do processo de formação e a (pretensa) atuação de
profissionais formados em diferentes escolas, foi proposto buscar outras
instituições de ensino profissional em dança: a Escola de Dança de São Paulo
(antiga Escola Municipal de Bailados de São Paulo) e a Escola Livre de Dança de
Santo André.
Assim, essa pesquisa propõe ver, ouvir, perceber como outros individuos, que passam [ou passaram] por
diferentes processos de aprendizagem em dança (diferentes entre si entre o
diferentes do processo dos propositores desta pesquisa) vivenciam os seus
processos e se veêm no mesmo. Refletindo a forma que o indíviduo recebe a sua
formação e a coloca em prática, apropriando-se das palavras de Paulo Freire: “Estudar não é um ato de consumir ideias,
mas de criá-las e recriá-las”. E aplicando-as ao ato de dançar, buscou-se
ver, mais uma vez provocados por Ângela Ferreira:
"Como ensinar [e
aprender] outras maneiras de fazer e usar a dança tornando-a propriedade de
cada um." [2]
(Ferreira, 2010)
Como a proposta da pesquisa é reconhecer outros processos de
aprendizagem em dança a partir da própria vivência, foi-se conduzido para o
campo da percepção do outro a partir de si, sendo este um campo de estudo muito
amplo, e para poder abordá-lo com propriedade, seriam necessários estudos muito
aprofundados a cerca, principalmente, da Fenomenologia da Percepção, de Maurice
Merleau-Ponty, o que enriqueceria exponencialmente o trabalho/a pesquisa, mas
poderia fazer com que o principal objetivo da pesquisa se perdesse. Portanto,
decidiu-se, aprofundar-se em autores e pesquisadores, que abordaram a percepção
de forma mais branda/simples, para fundamentar o ponto de vista que orienta a
pesquisa.
Estes autores são [fazer uma nota, resumindo a vida e ideias de cada
um] Rubem Alves, com seu livro Filosofia da Ciência, Introdução ao jogo e a
suas regras (2008); Camila Bronizeski, com seu trabalho de Iniciação Científica
A Dança como Processo de Percepção Corporal na Terceira Idade (2000); Júnia
César Pedroso, com seu trabalho Iniciação Científica ou Mestrado? Klauss Vianna e a
expressão corporal do ator (2000);
Para também fundamentar a
pesquisa na área da dança, foram escolhidos autores como Isabel Marques, Cassia
Navas, Angela Ferreira, Ana Terra, autoras do livro Algumas perguntas sobre
Dança e Educação (2010); O livro Textos e Contextos: o ensino da dança hoje, de
Isabel Marques, também foi usado para fundamentar os pesquisadores; Mirian
Garcia Mendes, como o livro A Dança; Jorge Coli com o livro O que é Arte?; e
Laurence Louppe com o texto Corpos híbridos. (e Introdição à Filosofia da Arte,
se eu terminar de lê-lo).
Juntamente
com as leituras a pesquisa na Escola de Dança de São Paulo teve inicio no dia
29 de agosto, no qual os pesquisadores Lana Carolina Oliveira, Levi Souza e
Sabrina Ferreira assistiram a aula de contemporâneo da professora Cristiana de
Souza, assistindo novamente essa aula no dia 5 de setembro.
Nos
dias 30 de agosto e 1º de setembro os pesquisadores assistiram a aula de
consciência corporal com a professora Yeda Perez.
As
entrevistas com as alunas Leticia Lacerda de Oliveira, Catarina Bueno da Silva
e Monalisa Iolanda Céu Santos ocorreram no dia 1º de setembro na E.D.S.P. pelos
três pesquisadores .
No
dia 6 de setembro foi entrevistada a professora Yeda e no dia 9 de setembro foi
entrevistada a professora Cristiana pelos pesquisadores Lana Carolina Oliveira
e Sabrina Ferreira.
Já
o trabalho na Escola Livre de Santo André teve inicio no dia 12 de setembro, no
qual os pesquisadores Débora Reis, José Teixeira e Maria Julia Novaes assistiram
às aulas de Técnica Clássica da professora Márcia Pereira.
Entrevistaram
os alunos Fernanda Trigo e Rogério Romero na E.L.D. (Escola Livre de Dança) no
dia 14 e depois assistiram novamente a aula de Clássico.
No
dia 23 foram entrevistadas as alunas Débora dos Santos e Fabiana Louro. No dia
29 o grupo entrevistou a coordenadora artístico-pedagógica Alessandra
Fioravantti e assistiram parte da aula de Técnica Contemporânea.
No
dia 6 de outubro foi entrevistada a nova professora de Técnica Contemporânea
dessa turma, professora Luciana de Carvalho e a aluna Jaqueline Cristina
Rita.
No
dia 8 foi assistida a aula de Composição e Criação do Professor Alberto Carlos
Martins e enquanto os alunos desenvolviam algumas atividades em grupos foi
entrevistado o Professor Alberto Carlos Martins.
As entrevistas foram elaboradas a
partir das questões levantadas pelos autores dessa pesquisa, após a leitura dos
textos “A pesquisa em Memória Social” e “Sugestões para um jovem pesquisador”
de Ecléa Bosi[3]
[Fazer nota sobre ela também?].
Sendo entrevistas de caráter qualitativo, as perguntas foram construídas
de modo a fazer o entrevistado lembrar e compartilhar de como ele aprendeu,
como está aprendendo dança e se ele acredita que esse aprendizado pode
transformar/influenciar a sua ação pessoal e social. Essas entrevistas foram “audiogravadas” e serão apresentadas transcritas no final deste
trabalho.
Com as observações e registros e,
embasados pelos autores que fundamentam o olhar com que a pesquisa ocorre, os
pesquisadores visualizaram significativamente parte do processo de aprendizagem
em dança, e assim, buscaram
argumentos para comprovar como os indivíduos estudados percebem o que aprendem;
se fazem uma reflexão acerca do que aprendem e se conscientes de tudo isso e
donos do seu próprio processo de aprendizagem vão transformar o seu entorno e o seu fazer.