segunda-feira, 23 de julho de 2012

Introdução do TCC


Introdução



Este Trabalho de Conclusão de Curso surgiu de questionamentos sobre o profissional de dança, sua formação e seu processo de aprendizagem.

Instigados, principalmente pelo próprio processo, os alunos do curso técnico em dança da ETEC de Artes, propositores dessa pesquisa, se nortearam pelas próprias experiências e expectativas proporcionadas pelo curso acerca do aprender e fazer dança. Essas inquietações geraram várias perguntas, as quais, encontrando sentido nos questionamentos de Ângela Ferreira, buscou-se levantar discussões acerca da formação do profissional de dança atuante, que é formado para ser inserido no mercado de trabalho.

“Será que podemos estar preparando alunos capazes de usar suas experiências cognitivas, não apenas na aquisição de destreza e de habilidades técnicas e de repertório de dança, mas também em uma maior compreensão da realidade?[...] estariam prontos não para reproduzi-la [a realidade] pura e simplesmente, mas para serem capazes de compreendê-la, recriá-la e apropriar-se dela na construção de um novo conhecimento e um novo ser?”. [1] (Ferreira, 2010)



Partindo da necessidade de se refletir e questionar sobre o papel e ação do bailarino na sociedade contemporânea, e a fim de descrever parte do processo de formação e a (pretensa) atuação de profissionais formados em diferentes escolas, foi proposto buscar outras instituições de ensino profissional em dança: a Escola de Dança de São Paulo (antiga Escola Municipal de Bailados de São Paulo) e a Escola Livre de Dança de Santo André. 

Assim, essa pesquisa propõe ver, ouvir, perceber como outros individuos, que passam [ou passaram] por diferentes processos de aprendizagem em dança (diferentes entre si entre o diferentes do processo dos propositores desta pesquisa) vivenciam os seus processos e se veêm no mesmo. Refletindo a forma que o indíviduo recebe a sua formação e a coloca em prática, apropriando-se das palavras de Paulo Freire: “Estudar não é um ato de consumir ideias, mas de criá-las e recriá-las”. E aplicando-as ao ato de dançar, buscou-se ver, mais uma vez provocados por Ângela Ferreira:

"Como ensinar [e aprender] outras maneiras de fazer e usar a dança tornando-a propriedade de cada um." [2] (Ferreira, 2010)

Como a proposta da pesquisa é reconhecer outros processos de aprendizagem em dança a partir da própria vivência, foi-se conduzido para o campo da percepção do outro a partir de si, sendo este um campo de estudo muito amplo, e para poder abordá-lo com propriedade, seriam necessários estudos muito aprofundados a cerca, principalmente, da Fenomenologia da Percepção, de Maurice Merleau-Ponty, o que enriqueceria exponencialmente o trabalho/a pesquisa, mas poderia fazer com que o principal objetivo da pesquisa se perdesse. Portanto, decidiu-se, aprofundar-se em autores e pesquisadores, que abordaram a percepção de forma mais branda/simples, para fundamentar o ponto de vista que orienta a pesquisa.

Estes autores são [fazer uma nota, resumindo a vida e ideias de cada um] Rubem Alves, com seu livro Filosofia da Ciência, Introdução ao jogo e a suas regras (2008); Camila Bronizeski, com seu trabalho de Iniciação Científica A Dança como Processo de Percepção Corporal na Terceira Idade (2000); Júnia César Pedroso, com seu trabalho Iniciação Científica ou Mestrado? Klauss Vianna e a expressão corporal do ator (2000);

Para também fundamentar a pesquisa na área da dança, foram escolhidos autores como Isabel Marques, Cassia Navas, Angela Ferreira, Ana Terra, autoras do livro Algumas perguntas sobre Dança e Educação (2010); O livro Textos e Contextos: o ensino da dança hoje, de Isabel Marques, também foi usado para fundamentar os pesquisadores; Mirian Garcia Mendes, como o livro A Dança; Jorge Coli com o livro O que é Arte?; e Laurence Louppe com o texto Corpos híbridos. (e Introdição à Filosofia da Arte, se eu terminar de lê-lo).

Juntamente com as leituras a pesquisa na Escola de Dança de São Paulo teve inicio no dia 29 de agosto, no qual os pesquisadores Lana Carolina Oliveira, Levi Souza e Sabrina Ferreira assistiram a aula de contemporâneo da professora Cristiana de Souza, assistindo novamente essa aula no dia 5 de setembro.

Nos dias 30 de agosto e 1º de setembro os pesquisadores assistiram a aula de consciência corporal com a professora Yeda Perez.

As entrevistas com as alunas Leticia Lacerda de Oliveira, Catarina Bueno da Silva e Monalisa Iolanda Céu Santos ocorreram no dia 1º de setembro na E.D.S.P. pelos três pesquisadores .

No dia 6 de setembro foi entrevistada a professora Yeda e no dia 9 de setembro foi entrevistada a professora Cristiana pelos pesquisadores Lana Carolina Oliveira e Sabrina Ferreira.

Já o trabalho na Escola Livre de Santo André teve inicio no dia 12 de setembro, no qual os pesquisadores Débora Reis, José Teixeira e Maria Julia Novaes assistiram às aulas de Técnica Clássica da professora Márcia Pereira.

Entrevistaram os alunos Fernanda Trigo e Rogério Romero na E.L.D. (Escola Livre de Dança) no dia 14 e depois assistiram novamente a aula de Clássico.

No dia 23 foram entrevistadas as alunas Débora dos Santos e Fabiana Louro. No dia 29 o grupo entrevistou a coordenadora artístico-pedagógica Alessandra Fioravantti e assistiram parte da aula de Técnica Contemporânea.

No dia 6 de outubro foi entrevistada a nova professora de Técnica Contemporânea dessa turma, professora Luciana de Carvalho e a aluna Jaqueline Cristina Rita. 

No dia 8 foi assistida a aula de Composição e Criação do Professor Alberto Carlos Martins e enquanto os alunos desenvolviam algumas atividades em grupos foi entrevistado o Professor Alberto Carlos Martins.

As entrevistas foram elaboradas a partir das questões levantadas pelos autores dessa pesquisa, após a leitura dos textos “A pesquisa em Memória Social” e “Sugestões para um jovem pesquisador” de Ecléa Bosi[3] [Fazer nota sobre ela também?].  Sendo entrevistas de caráter qualitativo, as perguntas foram construídas de modo a fazer o entrevistado lembrar e compartilhar de como ele aprendeu, como está aprendendo dança e se ele acredita que esse aprendizado pode transformar/influenciar a sua ação pessoal e social. Essas entrevistas foram “audiogravadas” e serão apresentadas transcritas no final deste trabalho.

Com as observações e registros e, embasados pelos autores que fundamentam o olhar com que a pesquisa ocorre, os pesquisadores visualizaram significativamente parte do processo de aprendizagem em dança, e assim, buscaram argumentos para comprovar como os indivíduos estudados percebem o que aprendem; se fazem uma reflexão acerca do que aprendem e se conscientes de tudo isso e donos do seu próprio processo de aprendizagem vão transformar o seu entorno e o seu fazer.



[1] FERREIRA, Ângela. Curso Profissional de Nível Técnico em Dança – o que eles formam? In: TOMAZZONI, Airton. Algumas perguntas sobre dança e educação. 2010. p. 83.
[2] Idem, p. 80
[3] Bosi, Ecléa. O tempo vivo da memória. Editora Atelie. São Paulo, 2004.

domingo, 22 de julho de 2012

Trechos relevantes dos textos de Ecléa Bosi


A PESQUISA EM MEMÓRIA SOCIAL

“Quando se pergunta pelo método de um trabalho científico a resposta tem de ser procurada em, pelo menos, dois níveis:

I.                    A orientação geral da pesquisa, ‘tendência teórica’ que guiou a hipótese inicial até a interpretação final dos dados colhidos. [no caso do TCC: a PERCEPÇÃO]

II.                  A técnica particular da pesquisa, o procedimento. ”

“É claro que esses dois níveis se cruzam na mente do estudioso que sempre reflete enquanto observa ou colhe dados, pois a tarefa do conhecimento não se cumpre sem a escolha do campo de significação e sem a inserção das informações obtidas nesse campo.”

“Dessa breve evocação bergsoniana fique-nos a ideia da Memória como atividade do espírito, não repositório de lembranças. Ela é, segundo o filósofo, ‘a conservação do espírito pelo espírito’.”

“A comunidade familiar ou grupal exerce um função de apoio como testemunha e intérprete daquelas experiências. O conjunto das lembranças é também uma construção social do grupo em que a pessoa vive e onde coexistem elementos da escolha e rejeição em relação ao que será lembrado.”

“É claro que esta descoberta pode ser  retomada em termos  de ‘formações ideológicas’ que reagrupam e interpretam num sentido ou em outro as lembranças individuais.”

“No tocante as técnicas de pesquisa, estas devem adequar-se ao objeto: é a lei de ouro.”

“Em termos de pesquisa, na verdade se combinam bem os procedimentos de história de vida e perguntas exploratórias, desde que deixem ao recordador a liberdade de encadear e compor, à sua vontade, os momentos do seu passado.”

“Aqui se revela a maestria do pesquisador: uma pergunta traz em seu bojo a gênese da interpretação final; é uma verdade que não pode negar. E, no entanto, a liberdade do depoimento deve ser respeitada a qualquer preço.”

“Se a memória é não passividade, mas forma organizadora, é importante respeitar os caminhos que os recordadores vão abrindo na sua evocação porque são o mapa afetivo da sua experiência e da experiência do grupo...”



SUGESTÕES PARA UM JOVEM PESQUISADOR

“A entrevista ideal é aquela que permite a formação de laços de amizade: tenhamos sempre na lembrança que a relação não deveria ser efêmera.”

“Narrador e ouvinte irão participar de uma aventura comum e provarão, no final, um sentimento de gratidão pelo que ocorreu: o ouvinte, pelo que aprendeu; o narrador, pelo justo orgulho de ter um passado tão digno de rememorar quanto o das pessoas ditas importantes.”

“Quando a narrativa é hesitante, cheia de silêncios, ele não deve ter pressa de fazer interpretação ideológica do que escutou, ou de preencher as pausas.”

“A fala emotiva e fragmentada é portadora de significações que nos aproximam da verdade. Aprendemos a amar esse discurso tateante, suas pausas, suas franjas com fios perdidos quase irreparáveis.”

“Ao silêncio do velho seria bom que correspondesse o silêncio  do pesquisador.”

“O silêncio na pesquisa não é uma técnica, é como que o sacrifício do eu na entrevista que pode trazer como recompensa uma iluminação para as ciências humanas como um todo.”


sábado, 21 de julho de 2012

Correções do TCC escrito pós-banca com a Camila – áudio

Gravado em 05 de dezembro de 2012 na ETEC de Artes

Argumentos contra e a favor

[adendo meu]

Prof Yeda da edsp fala que quem da

“o apontamento da aula eles que me dão, tem um direcionamento, mas é eles que vão me dizer que que eu devo fazer...”

O que concorda com Isabel Marques no livro ALGUMAS PERGUNTAS SOBRE DANÇA E EDUCAÇÃO, em que o professor não deve confiar somente no feeling, mas também não deve abandoná-lo e seguir “abnegada e corretamente” o planejamento.



“ Camila: A introdução, ela é um momento em que você apresenta o trabalho de um modo geral, então ela seria, não uma apresentação da tese, mas uma apresentação do todo.

José: Sem concluir?

Camila: Sem concluir. Você pode concluir o texto. Mas você pode apontar, você até pode apontar que esse trabalho... o que que esse trabalho vai apontar de reflexão. Você pode fazer apontamentos, mas não vai fechar ali. Certo? Não é um resumo. Você vai falar quais são os objetivos, qual foi a metodologia usada...

[...]

Camila: Tá tudo aqui em baixo[texto]. Tem que descascar. É como se você tivesse uma cebola. O que você quer dizer tá lá: no meinho. mas tem que tirar, tem que tirar, tem que tirar... Vocês tão percebendo por que que eu e a Junia lemos.

Lana: E cebola  a gente tira... chorando...!!

[...]

Camila: O trabalho de vocês está bom! Vocês tão entendendo? A dificuldade de vocês é essa budega que chama escrita. E aí, que como dizia o chacrinha, vocês se estrumbicaram. (risos)Vocês se estrumbicaram nas construções.

[...]

Na percepção do Merleau-Ponty, ele vai falar como o sujeito se entende como gente. Então ele vai dizer... pra além de ser uma metodologia, ele vai defender que o sujeito é em relação. Que é o que vocês colocaram aqui. Tem o código, não é? Qual é o código, do Descartes?

José: Penso, logo existo.

Camila: O Merleau-Ponty vai dizer: não é porque eu penso que eu existo. É por que eu, vejo este objeto [caneta] e eu me relaciono com ele, e nesta relação, eu existo.”

Ler:

Merleau-Ponty em 90 minutos.

Marilena Chaui [se a gente se enrolar]

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Algumas perguntas que originaram a pesquisa

Selecionei algumas perguntas feitas bem no inicio do trabalho, quando ainda mau sabíamos direito o que pretendíamos:

"Quais são as mudanças (corporais e mentais) que ocorrem quando um indíviduo entra em contato com a dança? Quais são as descobertas?"

"Formar para o mercado de trabalho ou para o mundo de trabalho?"

"Como é o processo de desenvolvimento corporal, perceptivo e intelectual de uma pessoa na dança a partir de uma metodologia que visa o consciência de si no tempo e - adendo meu - no espaço e não só a construção de um corpo que dança?"

Alguns trechos do livro Como ordenar as ideias, de Edivaldo M. Boaventura.

Cap. 2 O anúncio do tema

" 'Na introdução, define-se a questão, mostrando-se o objeto, situando-se o problema, despertando o interesse e decompondo os elementos.'
[...]

A primeira preocupação de quem expõe é dar, de imediato, a ideia do assunto.
[...]

Para que a ideia geral possa ser entendida, precisa ser expressa de maneira exata, daí a necessidade de se definir o objeto da exposição - [ênfase minha]
[...]

Ao definir-se, delimita-se. Dentre os muitos aspectos por que se pode tratar o assunto, escolhem-se alguns e circunscreve-se aí o âmbito da exposição. O tema central é o guia. É forçoso saber escolher o que se prende a ele e saber desprezar o que dele se afasta. [...] 'a introdução deve conter todas as noções necessárias para poder entrar, em seguida, sem dificuldade, no coração do assunto'
[...]

Na introdução, há muito de convitre. Cabe atrair a atenção desde o começo, colocando uma pitada de tentação para induzir à leitura ou à audição. 
[...] 

Mostrar por que o assunto mereceu a atenção do autor, quais os motivos e por que se foi levado a tal. Algo ainda falta para completar a introdução: indicar as ideias centrais.

Quando já se tem uma ideia do assunto, precisa-se conhecer o caminho a seguir. Dar-lhe a rota.

Tanto a reflexão como o estudo possibilitam as inferências e as ideias-mestras sobre o tema. Não esperar o desenvolvimento para expô-las. Os pontos mais importantes, as deduções maiores devem ser expressos de imediato. Sobretudo aqueles pontos considerados básicos e que dão o tom ao trabalho. lançá-los logo no início. Fornecer o fio condutor da exposição, sem permitir que adivinhem o que se quer dizer - ênfase minha. Conseguir comunicar a exposição e qual o caminho que seguirá o plano é o mais importante.

Formato do plano da exposição
1. Introdução - o anúncio do tema.
  • Fornecer a ideia geral do tema.
  • Situar na hitória, na teoria, no espaço e no tempo.
  • Motivar para prender a atenção.
  • Fornecer as diretrizes.
  • Anunciar o plano.
[...] "