quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Introdução com os apontamentos da Camila

Esta é a introdução do TCC após as observações da Camila

Introdução

 

Este Trabalho de Conclusão de Curso surgiu de questionamentos sobre o profissional de dança, sua formação e seu processo de aprendizagem.

Instigados, principalmente pelo próprio processo, os alunos do curso técnico em dança da ETEC de Artes, propositores dessa pesquisa, se nortearam pelas próprias experiências e expectativas proporcionadas pelo curso acerca do aprender e fazer dança. Essas inquietações geraram várias perguntas, as quais, encontrando sentido nos questionamentos de Ângela Ferreira, buscou-se levantar discussões acerca da formação do profissional de dança atuante, que é formado para ser inserido no mercado de trabalho.

“Será que podemos estar preparando alunos capazes de usar suas experiências cognitivas, não apenas na aquisição de destreza e de habilidades técnicas e de repertório de dança, mas também em uma maior compreensão da realidade?[...] estariam prontos não para reproduzi-la [a realidade] pura e simplesmente, mas para serem capazes de compreendê-la, recriá-la e apropriar-se dela na construção de um novo conhecimento e um novo ser?”. [1] (Ferreira, 2010)

 

Partindo da necessidade de refletir e questionar sobre o papel e ação do bailarino na sociedade contemporânea, e a fim de identificar o processo de formação e identificar possibilidades de atuação de profissionais formados em diferentes escolas, foi proposto buscar outras instituições de ensino profissional em dança: a Escola de Dança de São Paulo (antiga Escola Municipal de Bailados de São Paulo) e a Escola Livre de Dança de Santo André. 

Assim, essa pesquisa propõe ver, ouvir, perceber como outros indivíduos, que passam [ou passaram] por diferentes processos de aprendizagem em dança vivenciam os seus processos e se veêm no mesmo. Refletindo a forma que o indíviduo recebe a sua formação e a coloca em prática, apropriando-se das palavras de Paulo Freire: “Estudar não é um ato de consumir ideias, mas de criá-las e recriá-las”. E aplicando-as ao ato de dançar, buscou-se ver, mais uma vez provocados por Ângela Ferreira:

"Como ensinar [e aprender] outras maneiras de fazer e usar a dança tornando-a propriedade de cada um." [2] (Ferreira, 2010)

Como a proposta da pesquisa é reconhecer outros processos de aprendizagem em dança a partir da própria vivência, o grupo foi conduzido para o campo da percepção do outro a partir de si. Para tanto, decidiu-se, aprofundar-se em autores e pesquisadores, que abordaram a percepção do ponto de vista fenomenológico, para fundamentar a pesquisa.

Estes autores são Rubem Alves, com seu livro Filosofia da Ciência, Introdução ao jogo e a suas regras (2008); Camila Bronizeski, com seu trabalho de Iniciação Científica A Dança como Processo de Percepção Corporal na Terceira Idade (2000);

Para mais fundamentar a pesquisa, foram escolhidos autores como Júnia César Pedroso, com seu trabalho Iniciação Científica Klauss Vianna e a expressão corporal do ator (2000); Isabel Marques com o livro Textos e Contextos: o ensino da dança hoje, que fundamentam a observação de aspectos da metodologia de ensino de técnicas; entre outros  trabalhos como o livro Algumas perguntas sobre Dança e Educação (2010), com textos de Isabel Marques, Cassia Navas, Angela Ferreira, Ana Terra; o livro A Dança de Mirian Garcia Mendes; O que é Arte? de Jorge Coli; e o texto Corpos híbridos de Laurence Louppe.

Juntamente com as leituras a pesquisa na Escola de Dança de São Paulo teve inicio no dia 29 de agosto, no qual os pesquisadores Lana Carolina Oliveira, Levi Souza e Sabrina Ferreira assistiram a aula de contemporâneo da professora Cristiana de Souza, assistindo novamente essa aula no dia 5 de setembro.

Nos dias 30 de agosto e 1º de setembro os pesquisadores assistiram a aula de consciência corporal com a professora Yeda Perez.

As entrevistas com as alunas Leticia Lacerda de Oliveira, Catarina Bueno da Silva e Monalisa Iolanda Céu Santos ocorreram no dia 1º de setembro na E.D.S.P. pelos três pesquisadores.

No dia 6 de setembro foi entrevistada a professora Yeda e no dia 9 de setembro foi entrevistada a professora Cristiana pelos pesquisadores Lana Carolina Oliveira e Sabrina Ferreira.

Já o trabalho na Escola Livre de Santo André teve inicio no dia 12 de setembro, no qual os pesquisadores Débora Reis, José Teixeira e Maria Julia Novaes assistiram às aulas de Técnica Clássica da professora Márcia Pereira.

Entrevistaram os alunos Fernanda Trigo e Rogério Romero na E.L.D. (Escola Livre de Dança) no dia 14 e depois assistiram novamente a aula de Clássico.

No dia 23 foram entrevistadas as alunas Débora dos Santos e Fabiana Louro. No dia 29 o grupo entrevistou a coordenadora artístico-pedagógica Alessandra Fioravantti e assistiram parte da aula de Técnica Contemporânea.

No dia 6 de outubro foi entrevistada a nova professora de Técnica Contemporânea dessa turma, professora Luciana de Carvalho e a aluna Jaqueline Cristina Rita. 

No dia 8 foi assistida a aula de Composição e Criação do Professor Alberto Carlos Martins e enquanto os alunos desenvolviam algumas atividades em grupos foi entrevistado o Professor Alberto Carlos Martins.

As entrevistas foram elaboradas a partir das questões levantadas pelos autores dessa pesquisa, após a leitura dos textos “A pesquisa em Memória Social” e “Sugestões para um jovem pesquisador” de Ecléa Bosi[3].  Sendo entrevistas de caráter qualitativo, as perguntas foram construídas de modo a fazer o entrevistado lembrar e compartilhar de como ele aprendeu, como está aprendendo dança e se ele acredita que esse aprendizado pode transformar/influenciar a sua ação pessoal e social. Essas entrevistas foram “audiogravadas” e serão apresentadas transcritas no final deste trabalho.

Com as observações e registros e, fundamentados pelos autores citados, os pesquisadores visualizaram significativamente parte do processo de aprendizagem em dança, e assim, buscaram argumentos para comprovar como os indivíduos estudados percebem o que aprendem; se fazem uma reflexão acerca do que aprendem e se conscientes de tudo isso e donos do seu próprio processo de aprendizagem vão transformar o seu entorno e o seu fazer.



[1] FERREIRA, Ângela. Curso Profissional de Nível Técnico em Dança – o que eles formam? In: TOMAZZONI, Airton. Algumas perguntas sobre dança e educação. 2010. p. 83.
[2] Idem, p. 80
[3] Bosi, Ecléa. O tempo vivo da memória. Editora Atelie. São Paulo, 2004.

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