Houve um enrosco danado desse capitulo, sem dúvida é o mais difícil de escrever, envolve muitas ideias, muito conceitos que eu ainda não entendo. Ainda não me sinto seguro em dissertá-lo. Não sei se cheguei mesmo a entender sobre esse negócio que chamamos de PERCEPÇÃO.
Preciso de ajuda Camila!!!!
Aqui está o capítuo 1 modificado. Acho que tirei os erros mais incoerentes (só acho!) Ainda tem muito que corrigir, mas a partir daqui eu posso me nortear...
Capitulo 1 – Sobre a PERCEPÇÃO:
O ponto de
vista que orienta a pesquisa
“A percepção é a
compreensão
das pistas em termos do
todo”.[1]
(Alves, 2008)
É impossível estudar a partir do ponto de
vista da percepção sem se deparar como o trabalho de Maurice Merleau-Ponty[2],
especificadamente com seu livro “Fenomenologia
da Percepção”. Ponty aborda a Percepção de nós mesmos e do outro de uma forma
extrememente ampla e profunda, que sem dúvida alguma, enriqueceria
exponencialmente este trabalho, mas que no momento não está dentro da proposta dessa pesquisa e faria
com q o foco fosse perdido... (enrosquei!!! Socorro, Camila!)
Essa
pesquisa objeta realizar um levantamento acerca da percepção que o
aluno/bailarino tem da sua formação técnica atual. O que requer um olhar preciso
e perceptivo do outro a partir de si. Contudo, o que se quer é “perceber”
partes do processo de aprendizagem e a influência da escola na formação de
pensamento de alunos de diferentes escolas com diferentes propostas de formação
de bailarinos (profissionais de dança). Processos estes, diferentes do
oferecido na ETEC de Artes e que são o referencial, o ponto de partida para os
observadores (autores) dessa pesquisa.
Assim, fundamentar-se nesse amplo trabalho
poderia nos levar a inúmeras reflexões e (novos) questionamentos que ampliariam
e enriqueceriam esse trabalho. Porém, essa pesquisa não pretende ser tão
grande, e portanto, resolveu-se estudar a percepção através da perspectiva de
outros pesquisadores como Camila Davanço Bronizeski, Júnia César Pedroso, e Rubem
Alves, que se fundamentam e se utilizam desse mesmo ponto de vista: A
Percepção.
A pesquisadora Camila D. Bronizeski[3]
em seu trabalho de Iniciação Científica “A dança como processo de percepção corporal
na terceira idade”,
desenvolve seu trabalho no campo da percepção apontando como um indivíduo
percebe a si mesmo. Como a partir de mim,
percebo a mim mesmo e percebo o mundo ao meu redor. Para ela, a percepção é o
meio pelo qual tomamos consciência de nossa própria existência. Existência das
partes do corpo, existência de si a partir de relações que estabelecemos com
fatores externos.
“A
existência do corpo implica na consciência deste fato; perceber-se no mundo
significa diferenciar-se dele.” [4]
(Bronizeski, 1999)
Sendo a percepção então, a experiência do
indivíduo em relação ao mundo, esta não poderia se dar de si para si mesmo.
“O
corpo próprio não pode ser objeto, pois é nele e com ele que se percebe, recebe
e responde aos estímulos, a partir dele definimos o mundo exterior, realizamos
julgamentos e determinamos nosso exterior”.[5]
(Bronizeski, 1999)
(A Marta nos questionou sobre o
porque de não podermos nos usar como objeto de estudo, fiquei confuso, não me
sinto confortável para escrever sobre. Não é algo que eu entenda de fato.)
Foram estabelecidos objetos de pesquisa e
observação – as escolas – utilizando-se também de um ponto de vista
inicialmente empírico já que a pesquisa se alicerça a experiência de cada um
dos pesquisadores como ponto de partida para observação.
Júnia César Pedroso[6]
em seu texto Iniciação Científica “Klauss Vianna[7] e a
expressão corporal do ator”, aborda a percepção voltada para a o
trabalho de consciência corporal, a partir da “técnica” de Klauss Vianna para a
construção de personagens a partir de seu próprio corpo e para a formação de
bailarinos conscientes de seu próprio corpo, de seus próprios movimentos.
“Enquanto
o nosso corpo nunca está totalmente exposto a nós mesmos, não podemos vê-lo
fora, e ao mesmo tempo não podemos nos afastar dele.” [8]
(Pedroso, 2000)
Enfim para uma expressividade corporal clara,
seja no teatro ou na dança, pois, segundo
Júnia, o processo de preparação corporal tanto na dança como no teatro se dá da
mesma forma, ambas caminham para um “auto-conhecimento
que gera um aprimoramento de gestos e atitudes” [9]
. Assim, o processo de criação de um personagem, é um processo individual em
que cada um construirá o personagem a partir de si mesmo, de seu corpo, de sua
história, de suas experiências.
“O meu corpo, portanto, é o meu ponto de vista
sobre o mundo, o meio através do qual eu percebo este mundo que me cerca”.[10]
(Pedroso, 2000)
Já, Rubem Alves[11],
em seu livro “A filosofia da Ciência – Introdução ao jogo e suas regras”,
trata de questões filosóficas a cerca do como fazer ciência, por que fazer
ciência, como ela foi feita no decorrer dos tempos e da veracidade dos
conteúdos e teorias científicos abordados pela própria ciência e pelo
senso-comum nos dias de hoje.
Ele coloca a percepção como um instrumento
para a construção e compreensão dos fatos, sendo a “construção dos fatos” revelada pela constante “busca pela ordem” que vive o ser humano. Tal busca compreende em
entender a fundo os eventos que acontecem conosco e no meio em que vivemos,
dentro e fora de nosso corpo.
Assim, a ciência é uma pesquisadora da
realidade, não se construindo de certezas, mas de incertezas, questionamentos,
dúvidas, hipóteses, teorias que incitam o homem através da razão e imaginação a
desvendar esses enigmas que cercam a humanidade. Ela [a ciência] não é
construída apenas pela lógica dos fatos, mas,
pela lógica, pelos fatos e pela experiência ocasionada por ambos (um ponto de
vista empírico - conclusão a partir de dados), que gerarão resultados que
comprovarão ou negarão as teorias em questão. Sendo construída também pela criatividade
e imaginação, pois se dá através das convicções, percepções, do ponto de vista
de seu autor. Contudo, causas e efeitos não são fatos, mas interpretações.
“A
natureza não nos apresenta as evidências dentro de uma caixa com a etiqueta
‘evidências’. É o pesquisador quem tomará a decisão – e insisto na palavra
decisão – de considerar algo relevante ou irrelevante”. [12]
(Alves,
2008)
Ele alega que a negação de uma teoria é
pontual e determina o fim de um caminho em busca de uma verdade. Já a afirmação
é sempre um novo começo para vários outros caminhos a se seguir.
“Podemos
ter certeza quando estamos errados, mas nunca podemos ter a certeza de estarmos
certos.” [13]
(Alves, 2008)
Contudo, a Percepção nesse trabalho é a
maneira de identificar as experiências vividas pelos alunos do Curso Técnico em
Dança da ETEC de Artes (autores dessa pesquisa) em outros diferentes processos
de aprendizagem em dança.
“A
percepção é um processo contínuo de descobertas e associações que confluem para
o conhecimento do mundo externo pelo individuo”. (Bronizeski, 1999)
O que se quer dizer é que a pesquisa não foi
desenvolvida seguindo uma “receita de
bolo”, que nos diz o que devemos olhar, observar e escrever. Essa pesquisa
foi desenvolvida a partir da percepção dos próprios pesquisadores, associada às
suas experiências e ao seu processo de desenvolvimento e aprendizagem da dança.
[1] Idem, p. 161. (Polanyi)
[2] Maurice Merleau-Ponty (Rochefort-sur-Mer, 14 de março de 1908 — Paris, 4 de maio de 1961) foi um filósofo fenomenologista francês. Aluno da Escola Normal Superior, formou-se
em filosofia em 1930. Lecionou no Liceu de Beauvais de 1931 a 1933, no Liceu de
Chartres de 1934 a 1935 e na Escola Normal Superior de 1935 a 1939.
[3] Camila
Bronizeski, nasceu em....
formada em Dança pela Unicamp em 2009.
Atualmente dá aulas no curso de Dança da ETEC de Artes, a partir de uma
metodologia que visa a propriocepção de cada indíviduo para a compreensão e
execução do movimento.
[4] BRONIZESKI, Camila Davanço. A Dança
como Processo de Percepção Corporal na Terceira Idade. São Paulo,1999.
Relatório Final – Projeto de Iniciação Científica – Instituto de Artes de São
Paulo da Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho”. p. 5.
[5] Idem, p.
7.
[6] Júnia César Pedroso, Mestre em Artes pela UNESP,
licenciada em educação artística com habilitação em Artes Cênicas pela mesma
instituição. Formou-se atriz no teatro-escola Célia Helena. Elaborou as pesquisas “Klauss
Vianna e a expressão corporal do ator” (iniciação cientifica com bolsa FAPESP)
e “A partitura corporal do ator” (mestrado), ambas baseadas na abordagem
corporal de Klauss Vianna. Atualmente é professora e coordenadora
do curso de dança da ETEC de Artes.
[7] Klauss Vianna nasceu em Belo Horizonte em 1928.
É resposável pela difusão do conceito “expressão corporal” do ator no Brasil,
partindo da informações pessoais de cada um.
[8]
PEDROSO, Júnia César. Klauss Vianna e a
expressão corporal do ator. 2000. p. 54
[9]
José Maria de Carvalho. In: PEDROSO,
Júnia César. Klauss Vianna e a expressão corporal do ator. 2000. p. 65.
[10]
Idem, p. 54.
[11] Rubem Alves nasceu em Boa Esperança, 1933, psicanalista,
educador,
teólogo e escritor brasileiro, é autor
de livros e artigos abordando temas religiosos, educacionais e existenciais.
[12]
ALVES,
Rubem. Filosofia da Ciência,
Introdução ao jogo e as suas regras. 2008. p.209.
[13]
Idem, p. 188.